Um exemplo de mandala - Kalachakra (tib. dus kyi 'khor lo / Dükyikhorlo)

Ou:

Roda do Tempo em sânscrito, é o nome de uma das principais divindades do buddhismo Vajrayana tibetano. De acordo a tradição, os ensinamentos de Kalachakra foram transmitidos pelo buddha Shakyamuni no século VI a.C., a pedido de Suchandra, o rei da terra pura de Shambhala. Esses ensinamentos, compilados em um texto chamado Kalachakra Tantra, teriam sido transmitidos de geração a geração, de mestre a discípulo.
Os ensinamentos foram levados ao Tibet no século XI, em duas linhagens separadas (Dro e Rva), unidas posteriormente pelo monge Butön Rinchen Drup. Um de seus discípulos, Chökyi Pel, transmitiu os ensinamentos de Kalachakra ao lama Je Tsong Khapa e, eventualmente, a linhagem chegou ao sétimo Dalai Lama. Ele introduziu os ensinamentos em seu monastério pessoal, o Namgyel, e essa transmissão continua até hoje, com o Dalai Lama atual.
Os ensinamentos registrados no Kalachakra Tantra são interpretados em três níveis — externo, interno e alternativo. O Kalachakra externo se refere ao mundo físico, aos elementos do universo e às leis do tempo e do espaço, lidando com a astronomia, astrologia e matemática. O Kalachakra interno corresponde aos elementos do corpo, aos agregados psicofísicos, às capacidades físicas e psíquicas, lidando com a fisiologia tântrica e com o sistema de energia do corpo humano. O Kalachakra alternativo lida com a base, o caminho e o resultado das yogas, ou meditações, que conduzem ao estado iluminado da divindade Kalachakra e de sua mandala. Deste modo, a prática do Kalachakra alternativo purifica os Kalachakras externo e interno.
Todos elementos dessa mandala — o diagrama simbólico de um palácio divino, a própria roda do tempo — representam algum aspecto da divindade Kalachakra e de sua terra pura. Há 722 divindades na mandala, simbolizando os várias aspectos da consciência e da realidade que constituem a sabedoria de Kalachakra. Interpretar e entender todos estes símbolos equivale a ler e compreender toda a vasta gama de ensinamentos do Kalachakra Tantra.
A divindade Kalachakra reside no centro da mandala. Seu palácio divino é constituído pelas nossas próprias mandalas pessoais: corpo, fala, mente, sabedoria e grande êxtase. O palácio é dividido em quatro quadrantes, cada um deles com muros, portões e centros. As cores são representações específicas dos elementos: preto ou azul, no oeste (abaixo), representa o ar; vermelho, no sul (esquerda), representa o fogo; amarelo ou laranja, no oeste (acima), representa a terra; e branco, no norte (direita), representa a água.
O palácio quadrado das 722 divindades fica sobre o círculo da terra; os outros círculos, representando a água, o fogo, o ar, o espaço e a consciência, se estendem para fora dos muros do palácio. Os círculos externos representam o cosmos, e dez divindades iradas residem em um desses círculos, servindo como protetores.
A mandala de Kalachakra é dedicada à paz e ao equilíbrio interior e exterior. Ao observá-la, pode-se sentir a paz em muitos níveis. Segundo o Dalai Lama, as divindades da mandala criam uma atmosfera favorável, reduzindo a tensão e a violência. "É um modo de plantar um semente, e esta semente terá seu efeito kármico. Não é necessário estar presente à cerimônia de Kalachakra para receber seus benefícios."

Descrição da Mandala de Kalachakra


  1. Mandala do grande êxtase, com um lótus que abriga três casais de divindades (Kalachakra e Vishvamata, Akshobhya e Prajnaparamita, Vajrasattva e Vajradhatvishvari), circundados por oito shaktis
  2. Mandala da sabedoria iluminada
  3. Mandala da mente iluminada
  4. Mandala da fala iluminada
  5. Mandala do corpo iluminado
  6. Animais que representam os meses do ano
  7. Meio-vajras com meias-luas, cada uma delas adornada com uma jóia vermelha
  8. Formas geométricas que representam os seis elementos, ou seja, os cinco elementos físicos (fogo, água, terra, ar, espaço) e o elemento da sabedoria (consciência)
  9. Trinta e seis deusas de oferendas, representadas por sílabas-semente em sânscrito
  10. Vajras duplos que correspondem aos quatro pontos cardeais
  11. Guirlandas e meias-guirlandas de pérolas brancas, circundadas pelos oito símbolos auspiciosos
  12. Goteiras que liberam a água da chuva que cai sobre o teto do palácio
  13. Meio-lótus que simboliza a proteção contra as emoções aflitivas
  14. Sete animais puxando uma carroça, levando duas divindades protetoras
  15. Portão da mandala do corpo iluminado
  16. Jardim de oferendas
  17. Círculo do elemento terra com cruzes entrelaçadas, representando a firmeza
  18. Círculo do elemento água com ondas
  19. Senge Kanga Gyepa, um leão de oito patas, puxando uma carroça com duas divindades protetoras iradas
  20. Círculo do elemento fogo
  21. Círculo do elemento ar
  22. Roda do Dharma, com um par de divindades protetoras no centro
  23. Sílabas-semente em sânscrito
  24. O círculo do elemento espaço com uma cerca de vajras dourados cruzados
  25. Círculo do elemento da sabedoria (o grande círculo da proteção)
"Sociedade Budista Karma Shisil Ling"

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