Então, lembre-se que se você tem boa ou má reputação, ela
não tem nenhuma realidade objetiva. Não vale a pena se preocupar com
isso. Os grandes mestres do passado jamais se incomodaram com isso. Eles
sempre responderam à calúnia e depreciação com bondade e paciência.
Langri Thangpa foi um mestre assim. Uma vez, na região da caverna
onde ele estava meditando, havia um casal cujos filhos sempre morriam
novos. Quando outra criança nasceu, eles consultaram um oráculo, que
disse que o bebê só iria sobreviver se eles afirmassem que se tratava de
um filho de um mestre espiritual.
Assim a mulher levou o bebê até a caverna de Langri Thangpa e o
deixou na frente do sábio. Ela disse: “Aqui está seu filho”, e foi
embora. O renunciante não disse nada além de pedir para uma mulher
devotada que conhecia para alimentar e cuidar da criança.
Obviamente, sendo Langri Thangpa um monge, a fofoca se espalhou de
que ele havia sido pai de uma criança. Alguns anos depois, os pais do
garoto voltaram com extensas oferendas e respeitosamente lhe disseram:
“Por favor nos perdoe. Embora você não tenha cometido nenhum erro, nós
permitimos que os rumores se espalhassem. A criança sobreviveu apenas
devido à sua bondade”. Sereno como sempre, Langri Thangpa devolveu o
garoto aos pais sem dizer uma palavra.
Algumas pessoas gastam toda sua energia, e até arriscam suas vidas,
para alcançar fama. Fama e notoriedade não são nada mais que um eco
vazio. Sua reputação é uma miragem atrativa que pode facilmente te
desencaminhar. Descarte-a sem pensar duas vezes, como a sujeira que você
tira do nariz.
“The Heart of Compassion”, v. 14 (comentário sobre as “37 Práticas do Bodisatva”)
Sem comentários:
Enviar um comentário