Ao entrarmos numa sala de prática, ao estarmos na presença de um
grande mestre, antes de entrevistas pessoais com o mestre, antes
da prática formal matinal em casa, perante o altar, fazemos prostrações.
Além disto, elas podem ser uma prática formal por si só, onde acumulamos
um grande número, em geral não menos do que 100.000.
A prostração deve ser feita em corpo, fala e mente. O aspecto fala
signfica "energia", disposição para aquilo.
O aspecto corpo deve ser cuidadosamente verificado. Fazemos
a prostração com cuidadosa dignidade, cada gesto perfeitamente
levando ao outro, com graça e mostrando devoção em corpo.
Começamos colocando as mãos no mudra da prece, as pontas
dos dedos da mão direita tocando os da mão esquerda, com um
pequeno espaço ao centro, tornando as mãos arredondadas, no
formato de uma jóia pontuda, com os dedões recolhidos levemente
ao centro. Então levantamos as mãos neste mudra até o topo da
cabeça, não muito atrás e não exatamente na testa. Depois
as colocamos na altura da garganta e do peito. O topo da cabeça
significa "em corpo", a garganta "em fala" e o peito "em mente".
Vamos tomar refúgio em corpo, fala e mente, portanto
apresentamos nossas três portas perante o objeto de refúgio,
ansiando por sua purificação completa e por sua manifestação
rápida como os três corpos de um Buda.
Após isto, caímos ao chão. Os textos clássicos dizem que só
devemos fazer uma prostração simples (joelhos, testa, mãos e
pés ao chão) caso não haja realmente espaço para uma
prostração completa - deitar de bruços ao chão. No caso
dos cinco pontos (joelhos, etc), purificamos os cinco venenos,
no caso da prostração completa, todas as 84.000 aflições.
Ao chão colocamos as mãos no mesmo mudra atrás da cabeça,
como um selo final do refúgio. Então levantamos aspirando
trazer benefícios aos seres, formulando o voto de bodisatva.
Enquanto fazemos as prostrações, recitamos os votos de
refúgio e bodisatva como nosso professor nos ensinou.
Isto pode ser feito em páli, sânscrito, tibetano, português ou
qualquer outra língua, mas é importante saber que ao
descer, tomamos refúgio, tomamos o Buda como eixo, e
que ao subir, tomamos voto de bodisatva, aspiramos trazer
benefício.
Manter esta aspiração e recitar os votos é o aspecto fala.
O aspecto mente visualiza centenas de milhares de pessoas
prostrando juntamente conosco. Na frente as pessoas por
quem temos aversão, atrás por quem temos apego, ao
lado, nossa família. Em nossa visualização eles também
recitam os votos, e isto faz um barulho imenso, como o zunido
de abelhas.
À nossa frente está o fisicamente o altar ou o professor, e
em nossa mente está a fonte de refúgio cercada pela
árvore de refúgio. Todos os Budas, Bodisatvas, Arhats,
Patriarcas, Mahasiddhas, Dakas, Dakinis, Protetores -
enfim, todos os seres que são objetos infalíveis de
refúgio.
Num nível causal prostrar nos conecta com os ensinamentos
em vidas futuras. Provavelmente seremos capazes de reconhecer
um altar como algo digno de atenção, e reencontraremos
os ensinamentos, podendo continuar nossa prática. A marca
mental de uma única prostração é muito poderosa. Mesmo
uma pessoa que apenas assiste uma prostração feita com fé
é beneficiada ao extremo.
Num nível não-causal, prostrar significa meramente reconhecer
o Buda. É impossível não cair ao chão perante um Buda. Se
caímos ao chão, isto já é um sinal de que realmente temos
intimidade com o Buda. Nosso corpo perecível se prostra
perante a manifestação que está além de vida e morte. Isso
é algo bastante extraordinário.
fonte: Padma Dorje
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